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Semelhança informe: ou o gaio saber visual segundo Georges Bataille

Georges Didi-Huberman
460 páginas
ISBN: 978-85-7866-116-8
Tradução: Caio Meira, Fernando Scheibe e Marcelo Jacques de Moraes
R$ 112,00  R$ 67,20

Originalmente publicado em 1995, este é um livro fundamental para quem se interessa pela reflexão sobre a imagem e sobre um de seus problemas centrais: a relação de semelhança e a confrontação, mais ou menos explícita, de formas visuais que essa relação inevitavelmente pressupõe.

Georges Didi-Huberman toma como fio condutor a experiência da revista Documents, dirigida entre 1929 e 1930 por Georges Bataille, Carl Einstein e Georges Henri-Rivière. Bataille, então com 31 anos, exercia o ofício de numismata no Gabinete de Medalhas da Biblioteca Nacional e ainda não se manifestara significativamente como escritor (embora já tivesse publicado sua "História do olho" sob pseudônimo); Henri-Rivière era subdiretor do Museu de Etnologia do Trocadéro; e Einstein, já conhecido como poeta e crítico de arte – em especial por ter introduzido na Alemanha a arte africana, assim como o cubismo e a obra de Picasso –, acabara de chegar a Paris.

Além de escritores, artistas plásticos e fotógrafos – muitos deles dissidentes do surrealismo bretoniano –, os colaboradores da revista tinham áreas de interesse bastante diversas: história da arte, antropologia, arqueologia, etnografia, psicanálise etc. Entre eles, alguns então já reconhecidos, outros em ascensão, outros ainda meros desconhecidos: Alejo Carpentier, Robert Desnos, Serguei Eisenstein, Marcel Griaule, Michel Leiris, Marcel Mauss, Jacques Prévert, Raymond Queneau, Hans Arp, Jacques-André Boiffard, Georges Braque, André Masson, Alberto Giacometti, Pablo Picasso...

A partir da exploração das "montagens" de textos e imagens em meio a essa "mistura propriamente impossível" de nomes e de posições (como diria anos mais tarde Michel Leiris), Didi-Huberman mobiliza o que chama de "gaio saber visual segundo Georges Bataille" para colocá-lo a serviço de seu próprio método como historiador da arte e, mais do que isso, de seu próprio pensamento estético – ou estésico. É assim que o autor desarma toda perspectiva estetizante na consideração da imagem, dando-lhe um valor de uso crítico e pensando-a para além do regime da autonomia e da fruição estética. Em um texto generoso, em que à erudição e ao rigor intelectual aliam-se a argúcia analítica e a clareza expositiva, o leitor verá a "dialética das formas" invocada desde cedo por Bataille a partir de sua leitura singular de Hegel – e de sua postulação da vocação "transgressiva" da forma – desdobrar-se no que Didi-Huberman chama de uma dialética "sintomal", "sem síntese", no âmbito da qual toda semelhança – e toda "figura humana" – estará sempre cruelmente fadada não a desaparecer, mas a tornar-se "informe".


Marcelo Jacques de Moraes

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