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Pluralismo coerente da química moderna, O

Gaston Bachelard
212 páginas
ISBN: 9788578660147

R$ 66,00  R$ 39,60

Gaston Bachelard (1884-1962) dispensa apresentações. É o pai da epistemologia contemporânea. Dele, a Contraponto já publicou "A formação do espírito científico", sua reconhecida obra-prima, "Ensaio sobre o conhecimento aproximado", sua tese de doutoramento, "A experiência do espaço na física contemporânea", sobre a mecânica quântica, e "Estudos", quatro artigos fundamentais reunidos por Georges Canguilhem. Dando prosseguimento à publicação de todas as obras epistemológicas do mestre, químico de formação, entregamos ao público leitor de língua portuguesa este "O pluralismo coerente da química moderna", de espantosa erudição.


    "Não é exatamente uma história da química", diz Bachelard. "Corresponde mais a um ensaio de filosofia química." Tem razão. Todos os argumentos se baseiam em fatos históricos, mas a tese central é de natureza filosófica: a química se desenvolve oscilando permanentemente entre o pluralismo e a redução da pluralidade. Multiplica as substâncias, mas sempre busca um princípio de coerência entre elas.


    Bachelard começa ressaltando a diversidade dos fenômenos químicos, para em seguida mostrar como, pouco a pouco, se estabelece ordem nas observações. As classificações se tornam cada vez mais racionais: "Introduz-se sempre mais pensamento na experiência, sempre mais luz racional no empirismo." Nisso, Mendeleev é a principal referência: "Se os Lavoisier e os Dalton ajudaram a distinguir os elementos químicos, destacando suas características qualitativas e ponderais singulares, Mendeleev entreviu uma doutrina geral das qualidades particulares e preparou a harmonia das substâncias."


    A química matemática prosseguiu o trabalho. "Em breve", diz profeticamente Bachelard, "será pela filosofia da matemática que se deverá abordar a filosofia da química. Encontrar-se-ão razões de conveniência matemática para explicar a afinidade das substâncias. [...] A matemática moderna é tanto a ciência da ordem quanto a ciência do número. Precisamente por isso, ela pode estudar os problemas de combinações, de arranjos, de grupos. [...] O filósofo pode resumir essa tendência da química matemática em um único enunciado: a qualidade se ordena."


    O dado experimental conduz à ideia de diversidade, enquanto a regra unifica. Em seguida, a variedade se recompõe pela descoberta dos aspectos particulares, das exceções, dos detalhes. Assim, o pensamento filosófico e científico se move numa dialética que vai do diverso ao uniforme e do uniforme ao diverso. Diante dessa contínua reviravolta, é perda de tempo, diz Bachelard, propor um problema de origem: pouco importa que o conhecimento comece pela percepção do diverso ou pela constituição do idêntico, pois ele não se detém nem no diverso nem no idêntico.


                        César Benjamin


"Aí está toda a filosofia de um empirismo ativo, bem diferente da filosofia do empirismo imediato e passivo que toma a experiência de observação como juiz. A experiência já não profere julgamentos sem apelo; enquanto ela se recusar a sancionar a nossa expectativa, apelamos para uma nova experiência. A experiência já não é um ponto de partida, nem mesmo um simples guia; é um objetivo. [...] Como não ver que é o abstrato que prolifera na teoria química moderna? Como não reconhecer o privilégio do vínculo matemático para coordenar uma imensa área de experiências?"


                        Gaston Bachelard

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