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Por que uns e não outros?
Jailson de Souza e Silva
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Por que uns e não outros? é um lugar de invenção que contribui
na radicalização da democracia. Esta afirmação, que
pode ser interpretada apenas como uma frase de impacto
para uma estratégia narrativa, na verdade organiza meu
espanto diante desta poderosa obra. Esse espanto é daqueles
que marcam nossa relação com um livro, um conceito, e
que mudam nosso modo de pensar. Entretanto, ele não é de difÃcil acesso, como em algumas obras em que apenas aqueles que dominam códigos culturais especÃficos conseguem fruição. Jailson revela suas estratégias de pensamento numa estrutura de combinações teóricas, narrativas e afetivas feitas para nós, leitores, colocando como centro da questão trajetórias de vida de jovens de origem popular no ensino. Ele demonstra, por exemplo, que até mesmo a "permanência escolar decorre da dinâmica estabelecida entre as caracterÃsticas singulares do agente e as redes sociais nas quais ele se insere". Aqui reside a contribuição singular deste livro. Ao elencar as estratégias de vida como uma das categorias de formulação, fica claro na narrativa que os procedimentos de análise do autor buscam desconstruir a ideia do território popular e seus atores apenas como cenário dado das mazelas sociais do paÃs observado por um estudioso. Essas combinações, para além de um rigor acadêmico, acabam por potencializar seus personagens e ambientes não apenas como objetos de seus estudos para justificar uma hipótese. Assim, este livro se torna um interessante gesto polÃtico e estético que reedita o lugar do "pobre favelado" nos estudos acadêmicos. |