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Parte e o todo, A

Werner Heisenberg
288 páginas
ISBN: 978-85-85910-13-6
Tradução: Vera Ribeiro
R$ 84,00  R$ 50,40

"A moderna física atômica lançou nova luz sobre problemas filosóficos, éticos e políticos. Talvez este livro possa contribuir para que os fundamentos dessa discussão sejam compreendidos pelo maior número possível de pessoas." É o que diz Werner Heisenberg (1901-1976) no prefácio dessa sua autobiografia intelectual, escrita de forma sui generis, com base em recordações de diálogos que o autor travou com Einstein, Bohr, Planck, Dirac, Fermi, Pauli, Sommerfeld, Rutherford e outros colegas.


    É o registro, para um público amplo, dos debates que marcaram a trajetória de um dos maiores cientistas do século XX, formulador do famoso princípio da incerteza e ganhador de um Prêmio Nobel aos 31 anos de idade. Quatro décadas se passam entre o primeiro encontro com a teoria atômica, as dúvidas sobre a carreira na ciência ou na música, a fase crítica de criação da teoria quântica e o surgimento da física das partículas elementares. "Pretendi transmitir", diz o autor, "inclusive aos que estão distantes da física atômica, uma impressão dos movimentos de pensamento [Denkbewegungen] que acompanharam a história do surgimento dessa ciência."


    Mas o livro é mais do que isso. Amante da música e da filosofia. Heisenberg passou toda a vida em contato com elas (não por acaso, seu relato começa e termina com reflexões sobre o Timeu, de Platão). Homem de ação, deixou um raro testemunho sobre a vida intelectual e política na Alemanha durante a ascensão, o auge e a derrocada do poder hitlerista: em 1919, com dezoito anos de idade, Heisenberg participou da guerra civil iniciada com a proclamação de uma República Soviética em Munique; na década de 1920, aderiu ao Movimento da Juventude, que congregava a nova geração desejosa de assumir o comando de um país derrotado; na década de 1930, contra a opinião da maioria de seus colegas, decidiu permanecer na Alemanha nazista.


    Nela, em fins de 1938, realizou-se a primeira fissão do átomo de urânio, façanha que abriu a possibilidade de acesso a uma nova e poderosíssima fonte de energia, passível de utilização na paz e na guerra. Os homens que haviam dedicado enorme talento e esforço à abertura desse novo campo científico ficaram perplexos. Compreenderam o que estava por vir, num mundo às vésperas de mais um grande conflito. Einstein e Fermi já estavam exilados nos Estados Unidos; Bohr permanecia na Dinamarca, que seria ocupada pelos alemães, com os quais não colaborou. Heisenberg foi um dos poucos físicos de primeira linha que participaram no esforço alemão para dominar a energia nuclear durante a Segunda Guerra Mundial. As bases teóricas da construção da bomba atômica foram rapidamente compreendidas, mas os problemas tecnológicos associados a esse empreendimento pareceram insuperáveis nas condições vigentes então.


    Finda a guerra na Europa, Heisenberg recebeu na prisão a notícia da bomba sobre Hiroshima. Depois de libertado pelos Aliados, foi reconduzido à direção do Instituto Max Planck, onde se dedicou a reconstruir a ciência alemã e a lançar as bases da atual física de partículas. Tornou-se membro estrangeiro da Royal Society, da Inglaterra, e recebeu a Ordem do Mérito, da França. E não esqueceu nem a filosofia nem a música, presentes até o fim nesse emocionante relato de vida.


                        César Benjamin

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