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Teoria aristotélica da substância, A

Susana de Castro Amaral Vieira
130 páginas
ISBN: 9788578660048

R$ 48,00  R$ 28,80

Este estudo de Susana de Castro aborda o coração do pensamento aristotélico, justamente nas passagens em que esse pensamento apresenta maiores problemas e nos deixa várias lacunas nas explicações. Por isso, foram as passagens que mais requisitaram a reflexão dos filósofos.


    As diversas abordagens e soluções trazidas ao longo dos séculos não apenas contribuíram para a exegese do Filósofo, mas desencadearam concomitantemente escolas e linhagens de pensamento cujos temas e questões ganharam autonomia em relação à própria obra de Aristóteles. Na interpretação desses textos, muitas vezes podemos perceber o desenrolar da história ocidental: que temas e problemas interessam e são preferidos, que visões de mundo são colocadas em jogo, que saberes ou ciências concorrem para orientar as perspectivas de cada tempo. Isso se reflete nos conceitos que prevalecem e nas suas traduções, que passam a valer como vocabulário básico e fundamental da filosofia e das ciências.


    Um conceito-chave que percorre tanto a compreensão do pensamento de Aristóteles como toda a filosofia ocidental, até nós, é o conceito de substância [ousia] também traduzido por essência (desde Cícero) ou, menos frequentemente, entidade [entity: Owens], vigência [wesen: Heidegger], estância [étance: Couloubaritsis] etc. A discussão de Susana de Castro não envereda pela problemática da tradução: ela usa o conceito na sua forma mais tradicional, tal como foi traduzido para o latim por Guilherme de Moerbecke, no século XIII, e difundido na filosofia medieval e moderna por Tomás de Aquino e as diversas e reiteradas sistematizações da Escolástica. Porém, ela não o usa para reforçar essa tradição interpretativa, mas justamente para ter em mira o problema que vai enfrentar.


    O termo substância difundiu-se não apenas na filosofia e na problematização ontológica por toda a modernidade, como também foi adotado pelas ciências setoriais, como a química, e pelo uso comum, no sentido de elemento ou composto homogêneo. Precisamente essa concepção é criticada pela autora, que demonstra que o próprio Aristóteles já discutia e se opunha a tal tipo de interpretação do principio de realidade, presente em filósofos como Empédocles e outros fisiólogos antigos. O que orienta a crítica de Aristóteles e o estudo de Susana de Castro é uma visada que tem por orientação menos os elementos e substratos homogêneos que se tornam objetos da química ou da fisiologia mais antiga, do que o princípio vital que dá unidade ao organismo vivo, e que seria o objeto fundamental do que nós hoje chamamos biologia, mas que Aristóteles melhor chamaria de psicologia.


    Fernando Santoro

    Professor do Departamento de

    Filosofia da UFRJ

    Coordenador do Laboratório Ousia de

    Estudos Clássicos


    "A teoria aristotélica da substância" é a versão em português da tese de doutorado que Susana de Castro, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, defendeu na Faculdade de Filosofia, Teoria da Ciência e Estatística da Universidade de Munique, em 2002, com o título "Substanz als Ursache der Einheit eines organischen Kompositums" [Substância como causa da unidade do composto vivo]. Junto com "Três formulações do objeto da Metafísica de Aristóteles", da mesma autora, também publicado pela Contraponto, fornece novos elementos à pesquisa contemporânea sobre a recepção contemporânea da filosofia de Aristóteles em contínuo desenvolvimento nas universidades, assim como nos mais diversos meios de ciência e de reflexão intelectual.

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